Quisera

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  Minhas sensações incrustam surrealidade imersa nos meus discursos. Sou um poeta mortificado no transeunte dicotômico do real-e-ideal. Um fio capilar que esvoaça quando solto em queda. Do apartamento vejo a fome, a dor e a miséria. Quisera eu ser o sustentador desse choro que me cabe no gemido dos galhos e farfalhar das folhas, quisera-me sonhos despir no ideal mundo pregador sem ator. Quisera morrer e ver a florir um bem-viver antagônico com a valoração fútil que nos estamos asfixiados no hoje. Quisera ao menos abarcar as próprias dores de poeta sem poesia e viver sem angústia nessa tácita desigualdade que tecemos... Quis... Era... Sem cor ou sabor, mas permanecendo um sonhador.



O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando Pessoa