E esse dia...

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E esse dia...
que me imaginei
no principado de sonhos meus
fazendo arte à sua sorte

E esse dia
que me foi acreditado
como sonho dos meus fardos
de lamentos já cuidados

Esse dia
Que únicos foste
E sempre
Será
Assim
Quieto

Esse
Prazerosamente dia-dolor
Que chegou e passou
como este ano que nos voou

Ó dia esse nosso
À toda cor do rastro artístico
do nosso arco-íris quilometricamente distante
despejo-me aqui do meu silêncio gritante
que necessita da urgência do teu ser
Nesse e noutros dias
que as amarras e distâncias da vida
não vos tirais
a simplicidade
da nossa
Boa dor



Sinto cheiro de mar, 
protagonista dos meus contos

Quisera

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  Minhas sensações incrustam surrealidade imersa nos meus discursos. Sou um poeta mortificado no transeunte dicotômico do real-e-ideal. Um fio capilar que esvoaça quando solto em queda. Do apartamento vejo a fome, a dor e a miséria. Quisera eu ser o sustentador desse choro que me cabe no gemido dos galhos e farfalhar das folhas, quisera-me sonhos despir no ideal mundo pregador sem ator. Quisera morrer e ver a florir um bem-viver antagônico com a valoração fútil que nos estamos asfixiados no hoje. Quisera ao menos abarcar as próprias dores de poeta sem poesia e viver sem angústia nessa tácita desigualdade que tecemos... Quis... Era... Sem cor ou sabor, mas permanecendo um sonhador.



O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando Pessoa

Vendaval

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  Tenho em mim todos os sonhos do mundo e por esta que me guardo na própria ontologia segredos aqueles que devastam nossa monotonia. Eis aqui, antagonicamente a perfeição da confusão, o tudo do nada ou o contrário, a sorte do revés ou o revés que também se é sorte. O mundo, aos braços de ser sem rumo. A existência e sua maior incumbência de se ser plena. Tenho em mim, todas as dores daqui, as artroses dali e as barbáries de teias próprias nossas que tecemos nas injustiças e descriminações. Sou de toda sensibilidade e angústias efêmeras que me são pulsadas na essência inquieta do meu vendaval, um sujeito normal. Oh, sou desse mundo ideal de platônico sonho real, sem nada de descomunal. Sou sujeito normal, ou melhor, apenas vendaval.



Às vezes ouço certo assovio lá fora
e esqueço o próprio vendaval de dentro

Fim

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Fim
Sem Tristeza
Ou baque de doença
Finitude
De minhas-tuas
Vontades cruas
Morto
Amordaçado em si
Sem choro ou sintoma de dor
Vontade insaciada
Mais palavras jogadas
Nessa imensa solidão
Sem mim
Ou
Fim

Autodolor

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  Eu tô perdido, em pendências caídas da sutileza profunda de cortes sem sangue, inestancáveis. Eu tô devasto, em mim, incolor no pêndulo do olhar que vagueia no breu da solidão densa sentida. Intrinsecamente corroído por feridas que latejam palavras bem ditas. Príncipe encantado, novo conto desvairado sem norte ou cor, desejo vil, rainha da dor, que me desfaz doido de doído de dor indolor. Inocência, dissabor. Transmuta o meu eu num sussurro sem breu. Diagnostica minha loucura, afaga minha desordem, recupera minhas perdas... Hey moço, quanto custa um ar? Muda-me de lar. Toca-me na van e rejuvenesça a vã alegria do vão do meu coração.  Eu tô cansado, esgotado e sem cor. Luta, relutante, baleado, furado de esperanças ternas em pensamentos vazios. Frio. Sem nada. Inabitável. Abalável. Abismo. Abismal. Silêncio sepulcral. Caí. Caído. Córrego insensível. Estou invisível! Sou um morto, do muito vivo e um sonhador que ainda acredita no amor.




E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar
Eu tô na lanterna dos afogados

Paralamas do Sucesso