Para Vó, a mais importante...

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  Eu sempre disse para eu próprio: o meu pior pesadelo é quando eu não puder mais olhar, não puder mais tocar, ou falar com a minha avó. Falar de uma pessoa guerreira não é difícil, porém falar de você que para mim, ultrapassou o real, é quase impossível.

  As lágrimas caem, toda vez que tento tocar o âmago para buscar uma ou duas palavras sobre você. Sei que muitas vezes nós não queremos ouvir somente o famoso “eu te amo” e, também sei, que nem sempre o melhor é falar. Gestos dizem tudo, sim, mas para você não somente eles quem vão falar e sim, isto aqui também, pois marcará a minha vida.

  Eu sempre tive certo receio de me expressar com você, não por achar que não irias gostar, mas sempre tive este receio que tirava a minha capacidade de lhe dizer o quanto te gosto. Agora, ainda não consegui perder este medo, porém estou aqui, escrevendo para que um dia você veja e saiba que: és a mais importante para mim.  

  E foi de paixão a primeira vista, garanto. Desde pequeno, aonde eu queria ficar? Com qual pessoa eu queria ir? É, não é pouco não. Lembro-me pouco-a-pouco dos dias, nós todos reunidos jogando cartas, ou melhor, eu aprendendo com vocês. Depois, naquele sofá antigo eu deixando a Penelope subir, eu falando que o Sílvio olhava filme de mulheres peladas, meu pai indo jogar bola como sempre, eu querendo fazer bolo, o Chuck e sua bolota, entre outras coisas que nos marcaram. Hoje, eu poderia escrever um livro – “As mil Anas em uma” – mas assim mesmo sentiria certo remorso de passar algo vago aos leitores, algo que estaria faltando nessa trama, a personagem principal, você. Por que estaria faltando? Porque nem todos, assim como eu, tiveram o privilégio de lhe conhecer, convivendo e amando, ouvindo e aprendendo.  

  Tornar-se importante não é comprar, mas sim, mostrar. Todo o dia na volta da escola, havia lá a comida quentinha sempre me esperando, além de: um beijo, um sorriso e um abraço. Não lembro de um dia ter chegado e não sido bem recebido. É, são tantas as coisas na Ana multifuncional que perdemos a conta. Se hoje seus filhos são homens bons como sei quem são, é tudo por sua culpa, se hoje eu sou o garoto que mal consegue medir palavras para dizer o quanto te ama, é porque você criou tudo isso. Nossa vida mudou, sim, muito. Devemos tudo a você.

  Para alguns parece ser frágil, mas eu nunca aguentei te ver chorar. Eu poderia ir para um canto, chorar sozinho, mas quando você estava chorando eu chorava junto. É infantil, creio que não. É indagante, creio que sim. Isto e todas as outras coisas mostram, cada vez mais, com o passar do tempo, que te amo. Meu intuito nunca foi lhe sensibilizar, mas sim, mostrar o quanto és importante. As dificuldades ocorrem todos os anos, como neste e como outrora. Choramos juntos por alguém que se foi e lembramos o quanto nos marcou. Além da tristeza da perda, nós sentimos a alegria, a maior de todas, nos reunimos como uma família feliz que somos e então nos divertimos “vivendo intensamente”, como já conversamos. A meta não é sensibilizar é mostrar, que para mim, você é a base de eu ser um garoto feliz, você é a base da nossa família.



Para sempre você estará em meu íntimo.